Cooperações dramáticas

das burlescas ações de campanha eleitoral
aquém e além-mar

o desempenho de graça fonseca, 
e seus parceiros de palco,
foi medíocre (como sempre)
o público, silenciosamente derrotado,
aplaudiu mecanicamente,
há muito não vê um genuíno espectáculo!

sobre o acordo – o da cooperação assinada a várias mãos,
não se conhece a dimensão
não se desvendou o mistério da (sua) criação
não se divulgaram critérios de participação,
apenas se falou de viagem,
de internacionalização do TNSJ,
da intenção de levar o Real Theatro às inexperientes tábuas de outro txon!

do crioulo nem uma palavra,
há que esperar pelos efeitos da anunciada “crioulização”!

o tratado de co-operação
do triunvirato da cultura,
escrito em português “polimórfico”,
ou 
traduzido em crioulo orgânico,
soará sempre a linguagem cifrada,
daquelas estirpes geradas para serem apreciadas por uma casta reservada.

do povo,
consta que
serão colhidas, 
para memória futura,
belíssimas fotografias
de
plateias tropicais
repletas de anónimos rostos!

o povo, 
dito em português 
ou 
expresso em crioulo, 
merece ser respeitado!

não há paciência para tratados e co-operações exaradas em documentos invisíveis, que se limitam a servir a propaganda dos estados irmãos!

no chão das ilhas está permanentemente em cena uma brutal experiência sensorial, talvez um dia o Theatro do Porto perca o norte e, num Real exercício de criação artística, se exponha com humildade ao sul!

[na imagem, a assinatura do acordo de cooperação pelo Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, a sua homóloga portuguesa, a Ministra da Cultura Graça Fonseca e, ainda, o Presidente do Teatro Nacional São João, Pedro Sobrado, no TNSJ a 6 de setembro de 2019]

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