

a chuva
mamãe velha
num sopro
virou lama,
a chuva que há tanto tempo não batia assim,
é alegria é agonia,
é tempestade que não virou bonança,
é aflição que faz bater forte o coração!
[d’après Regresso, de Amílcar Cabral]

o silêncio da achada é grande,
terá a população, lá da frente
encontrado forma de governar a vida?
ou
a outrora ruidosa difusão
de suas agruras
terá sido apenas pretexto
para
justificar
o financiamento
de milagrosos projetos de salvação?
talvez
o atual silenciamento
seja fruto de um estranho sentimento,
provocado pelo histerismo das pinturas folclóricas,
incluídas na agenda da salvação,
que cobrem ostensivamente as humildes paredes de umas quantas habitações, dizendo a quem visita – “aqui mora um pobre”!
o silêncio da achada é grande,
proporcional ao investimento estrangeiro
mobilizado para evitar
que as mãos do povo ganhem a destreza necessária
para escreverem as suas reais estórias nas fachadas dos lugares onde moram os carrascos contemporâneos!