
“o futuro só é tempo quando chega”
de permeio,
o perene
e a foto.grafia
do iso.lamento
[d’après Oswaldo Osório
em iso.lamento
[ música Moonlight Reprise de Kai Engel Irsen’s Tale (2013) ]

[ 77 dias em erupção ]

o iso.lamento à beira do mar
[ sobre chão de Fogo ]
“… gosto de ir à praia do embondeiro; ver o mar, sentir o salitre desfolhando em saudades, querendo transformar-se em asas, levando-me para abraçar outro mar; descansar à sombra da grande árvore, deixar ali mensagens no seu incontornável tronco e ler outras que alguém escreveu e que o tempo guardou intacto; sentir a fresca aragem que balanceia cada pêndulo da múcua e em coro fazem a festa e orquestram a linda canção “havemos de voltar…”
(Samuel Gonçalves, “A Caminhada”)

[ * perigo eminente de perturbação social ]


do iso.lamento
“Amanhã
O tempo corre
Na voragem do vento
No ruído incessante das águas
Na curva hipotética do espaço
No desfalecimento da luz
E na brancura profética dos nossos cabelos
Passam os dias
Nasce e põe-se o Sol
Sopra a mesma brisa
Navega-se nos mesmos oceanos
A mesma Lua brilha no céu
E as rugas vão-nos conquistando a frescura da pele
Demos já ao tempo
Gerações e mais gerações
Em troca de uma nova luz, um novo espaço e novas águas,
De um novo amanhã…
Chorámos todas as nossas lágrimas
Rezámos todas as orações
Pedimos a todos os deuses e a todos os santos
Mas o nosso amanhã não vem…
O nosso amanhã é a fuga às nossas realidades
É sempre o dia de hoje
Com a mesma luz, o mesmo espaço e as mesmas águas”
(Onésimo Silveira, “Poemas do Tempo de Trevas – Saga Hora Grande”)
Antónia Marques
em kasa
em iso.lamento
abril, 2020