
as mãos, a argila e o som da terra
O Binde é uma peça cerâmica ancestral, utensílio nuclear nas cozinhas de Cabo-Verde, utilizada para confecionar uma iguaria tradicional – o célebre cuscuz de milho. A sua produção, cuja génese remonta a um passado longínquo, está identificada como uma das práticas artísticas mais antigas, registada em solo cabo-verdiano. Os bindes, atualmente produzidos nas olarias do interior da Ilha de Santiago (Fonte Lima, Trás-di-Monti) e nas ilhas de Boavista (Rabil) e Santo Antão (Porto Novo), são testemunhas de fundamental relevância, para a compreensão dos hábitos e das tradições populares que definem os contornos da identidade cultural do povo Cabo-verdiano. Estes recipientes de argila, outrora concebidos para responderem a uma necessidade doméstica básica, rapidamente se terão distanciado do estrito cumprimento da função meramente utilitária, são hoje objetos sobreviventes, arquivo fiel de inúmeras estórias e memórias, espólio de uma rica e complexa história coletiva, que cumpre desvendar e evidenciar.
(música Dor de Mar, de Tcheka)