Se, para a maioria da população portuguesa, o actual estado da Educação, é sinónimo de desgraça, para as minorias elitizadas, essa inoperância induzida constitui, infelizmente, uma graça poderosa! Pelo que, certamente, não será obra do acaso ou simples má-fortuna o miserável estado, em que se encontra o sector público de ensino!
Bem pelo contrário, de facto, tudo leva a crer que a decadência moral, implantada no ministério da educação, bem como a arrasadora falência formativa e intelectual, instalada nos estabelecimentos de ensino, são obra da delinquência organizada, perpetrada pelas governanças abusivas, para fazer crescer a mediocridade intelectual e o abandono cívico!
Ora, atendendo ao teor grosseiro e aos termos simplórios, destas políticas de deliberada má-governação, não será surpreendente o facto de raramente se ouvir falar, pública ou mediaticamente, sobre o lamentável estado de Educação!
Efectivamente, as governanças, que se encontram em exercício desde 2015, têm sido pródigas nesse silenciamento. Talvez porque saibam que o silêncio mediático é a alma dos negócios abusivos.
António Costa, que não tem sido excepção a esta regra, efectivamente, evita referir-se aos problemas da Educação. Mas, por vezes, quando menos se espera e sem motivo aparente, quebra a reserva, saca das notas da Mariana (filha do ex-ministro Vieira da Silva) e lá encontra inspiração e indicadores cor-de-rosa, para alimentar, em benefício da sua governança, a novela mediática! Durante a sessão parlamentar de apresentação do programa de governo, o primeiro ministro, entre uma e outra tosca intervenção, decidiu, quebrar a tal reserva, para borrifar de cor-de-rosa o hemiciclo, aludindo ao milagre da redução do abandono escolar (de 50% registados em 1992, para 5,9% em 2021).
Porém, para além do fugaz efeito mediático, a redução apregoada, nada disse sobre a qualidade do serviço público de ensino. Efectivamente, o pregão, utilizado pelo primeiro ministro, não terá passado disso mesmo – um pregão, ao serviço da glorificação da ação governativa.
De facto, o decréscimo do abandono escolar é um indicador muito limitado que, por si só, nada diz sobre o que se passa dentro dos estabelecimentos de ensino, cuja frequência passou a ser obrigatória até que o aluno atinja a maioridade ou conclua o 12º ano de escolaridade! Pelo que, e uma vez mais, esteve mal a governança, ao pretender sustentar a alegação do seu sucesso, em milagres de multiplicação, desprovidos de evidência sobre a qualidade ou efectivo progresso da Educação!
Lamentavelmente, a escola nossa-de-todos-os-dias, após décadas de submissão a um sórdido processo contra-evolucionário, deixou de ser um lugar seguro. Frequentar um lugar assim – perigoso, tornou-se uma atividade extremamente arriscada, que exige proteção reforçada! No entanto, a generalidade da população, negligenciando o perigo e ignorando a existência da contra-evolução, continua a enviar os filhos para a escola, sem proteção.
E essa displicência tem sido fatal! Pois, a supremacia da doutrinação contra-evolucionária, conseguiu, em meia-dúzia de anos, reduzir a pó a utilidade pública e o estatuto social das habilitações literárias dos filhos anónimos, enviados para a escola sem a proteção dos apelidos elitizados!
A obstrução intelectual, que deu à luz a pessoa anónima e o cidadão comum, tem sido o objetivo maior dos programas educativos contra-evolucionários, adoptados pelos diversos agentes que, ao serviço do poder político, se têm ocupado da gestão das operações que bloqueiam a Educação, como forma de obstruir a partilha de conhecimento com os filhos bastardos, concebidos no ventre do pecado revolucionário!
As medidas educativas contra-evolucionárias, instituídas no decurso das últimas décadas, têm contribuído para reabilitar as fronteiras que segregam as classes sociais. Há medida que a preponderância dessas medidas aumenta, diminuiu drasticamente a possibilidade de erradicar as limitações, que subtraem esperança à vida dos cidadãos.
Este deplorável processo contra-evolucionário, assumido sem escrúpulos pelas autocráticas lideranças escolares, e cumprido sem pudor pela grande maioria dos agentes educativos, tem vindo a erradicar a urbanidade e cultura cívica dos estabelecimentos públicos de ensino. Essas práticas atentatórias, têm feito crescer, em cada ser-humano, escolarizado ao abrigo da escola contra-evolucionária, um descomunal desinteresse – pela vida; um crónico alheamento – pelo semelhante; um histérico individualismo – focado nos caprichos do próprio umbigo; uma brutal ausência de curiosidade – para ver o mundo com outros olhos e uma obediência cega – aos manuais de instruções, destituídos de utilidade humana!
Esta tempestade imperfeita, que se abate sobre cada perímetro escolar, tem feito crescer, entre professores e alunos, reboliços fátuos, poeiras densas, vendavais alucinados. Uns e outros, atarantados, pelas más-condições atmosféricas, decidem (quase sempre) participar no regabofe de corpo-presente, de forma a evitar abalos de consciência e golpes insurgentes avessos à escolarização contra-evolucionária.
Os cercos sanitários, erguidos em torno dos estabelecimentos públicos de ensino, para além de assinalarem a intervenção abusiva das governanças elitizadas, oferecem, à vista do povo, o retrato da indigência intelectual das elites e da miséria moral dos apelidos que ostentam! De facto, de tanto cruzarem, entre si, as al_cunhas, esta gente acabou por gerar uma prole de indivíduos imprestáveis, a quem cabe a irresponsabilidade de imortalizar o estilo medíocre e abusivo dos progenitores, na gestão dos recursos e assuntos de Estado.
E, efectivamente, não faltam evidências da ação ruinosa desses inúteis privilegiados. Do confrangedor programa de governo ao miserável caderno de caça da educação, não há letra que escape à severidade da atrofia intelectual dessa prole destituída!
Certamente, toda esta tragédia se reflete, de uma forma ou outra, na redução da participação na vida política e na desorganização da intervenção cívica, da generalidade da população portuguesa. De facto, as gerações mais jovens, e por isso, também mais escolarizadas, ao contrário do que seria expectável, são as que apresentam uma tendência maior para se absterem nos atos eleitorais!
Infelizmente, o advento da escolarização em massa, iniciado com a Revolução, terá alcançado apenas parte das suas intenções!
A Escola, que em abril abriu portas à Democracia e ensinou a ler e a escrever a maioria, está, hoje, incapaz de se ler e de escrever para denunciar a delinquência e o abandono de que tem sido vítima!
Antónia Marques
maio 2022
De facto há um longo caminho a percorrer na Educação. O O produto que gere não é imediato , pelo os sucessivos governos à direita ou à esquerda nunca lhe reconheceram a nobreza da função. Chegámos hoje ao impasse que se esperava. Somos todos culpados, uns por serem oportunistas e pouco qualificados, outros por serem capazes, mas não interessados, outros apenas por excesso de resiliência.É óbvio que ,no terreno, as maiores vítimas são os alunos: cada vez mais mal preparados para fazer face ao futuro, espelhando nas gerações seguintes as mesmas falhas cívicas.
Tenho esperança nas políticas supranacionais (as mesmas que nos regem por terras lusas) de onde surgem as viragens repentinas, quando as situações estão perigosas.
Obrigada pela partilha Antónia. De facto , há que refletir seriamente sobre o que queremos para o nosso país.