No passado dia 5 de outubro cumpriu-se, uma vez mais, a tradição de celebrar às janelas da Câmara da Capital a implantação da República! Porém, lamentavelmente, desta vez a celebração assumiu contornos de festa privada vedada à participação do Povo.
A Praça do Município engalanada, vestiu-se de rigor – grades de ferro, vedações, correntes, forças de segurança de todos os géneros e feitios espalhadas pelo perímetro para vigiar terra e ar, umas a trote de cavalos outras a galope dos telhados dos edifícios públicos, foram todos mobilizados para afastar a população dos convivas!
No Largo e à larga, por debaixo de uma lona ilustrada alinharam-se os convidados.
À margem e à míngua, mantiveram-se os contribuintes que custearam a Festa cingidos às grades!
Porém, apesar do aparato policial instalado e da distância a que se encontravam do Largo, a população não temeu, não calou, nem consentiu, pelo que, celebrando a República, ergueu a Voz e levantou nos braços artefactos indisciplinados, para dar eco à indignação!
A República não é uma Festa Privada!
Quem paga a República é o Povo!
O Povo quer Falar Sr. Presidente!
Quero ensinar em Liberdade na Escola Pública o que é a República!
Os clamores, expressos e ilustrados pela indignada Voz do Povo, alcançaram o cerne da Celebração.
Quiçá tenham servido de inspiração à intervenção do primeiro Conviva da República quando do alto do palanque alertou “Ou as instituições mudam a bem ou mudarão a mal.”
Basta de mentiras! Basta de exploração! Basta de resignação! Basta de sofrimento envergonhado! Basta de reservar para o Povo o pão que o diabo amassou!
A República não pode continuar a ser uma Festa Privada custeada com recursos públicos!
Antónia Marques
( originalmente publicado em https://amamosaescola.pt/wp/2023/10/08/a-republica-nao-e-uma-festa-privada/ )