ESTADO DE DECADÊNCIA

Almas gémeas! 

O impacto, provocado pela horrenda novela de versões e alocuções, a que a revelação do “caso das gémeas” deu azo, terá toldado a compreensão da gravidade dos factos que a todos envolve! Porém, em nome do tanto e de tantos que, sob a batuta de uma equipa ministerial, pereceram no decurso da travessia da longa e angustiante pandemia, urge refletir sobre a decadência que presidiu o Estado de emergência!

No sentido de estabelecer a ligação temporal, que os intervenientes mediáticos dispensaram, a narrativa sucede articulando o tempo dos eventos políticos com o vertiginoso ritmo, imposto pelo relógio pandémico.

  1. Coligação Zero

A eclosão da “coligação zero”, na democracia portuguesa, é ainda um mistério e continua a ser objeto de estudo de alguns cidadãos inconformados. Pesquisadores e ativistas em nome individual, têm encontrado indícios da contaminação em amostras sociais diversas, coletadas semanas antes da surgimento da doença na Assembleia da República, no final de 2015.

Sob a égide da estabilidade e da superação dos traumas provocados pela austeridade, em 2015 o parlamento foi sujeito a uma inesperada deriva! Somando votos e cumplicidades à esquerda, o partido socialista, apesar de não ter ganho as eleições, venceu a história das coligações e assumiu o comando das operações legislativas. Da parlamentar ala sinistra emergiu um surpreendente triunvirato, liderado por António Costa, que haveria de conduzir o país à presente confrangedora distopia! 

Com as tormentas de Sócrates e José Seguro boiando sobre águas passadas, usufruindo de inéditas condições de governabilidade, António Costa, aproveitou a bonança e fez-se ao mar, navegando à bolina de um parlamento rendido. Da ala esquerda, ao flanco da direita, atravessando o centro, nem ondas gigantes no horizonte, nem ventanias desordeiras no firmamento, na assembleia da república, entretanto convertida em estância termal da democracia, tudo serenou e a ruinosa governança socialista triunfou!

2. Período de Incubação

Terá sido breve, e de enorme gravidade, o intervalo de tempo que sucedeu entre a exposição aos agentes patogénicos e a manifestação das primeiras consequências. O período de incubação, da sinistra coligação, teve lugar dentro das células partidárias e, num ápice, estendeu-se de forma descontrolada ameaçando a população.

Investido e apoiado pela anuência e cumplicidade dos partidos à esquerda, o novo primeiro-ministro não perdeu tempo, arregimentou as suas tropas, convidou os amigos, reuniu a família e voltou a fazer planos! Astuto e habituado a sabotar as regras do jogo, rapidamente atirou borda-fora os acordos de circunstância e, impiedosamente avançou, focado na conquista de um lugar cimeiro entre as lideranças do mundo neo-liberalizado. Sem olhar a meios, arrastou tudo e todos na prossecução da sua mesquinha ambição. 

Perseguindo os seus objetivos pessoais, o líder da governança socialista cumpriu, sem clemência, o ruinoso programa de negócios definido pela usura da Comissão Europeia. A generalidade da população, ainda a braços com os despojos da troika, viu-se assim de novo envolvida numa insidiosa vaga de assaltos e atentados às suas já tão precárias condições de vida! 

Essa empreitada voraz, longa e excruciante, sustentada pelos parceiros do triunvirato muito para além dos limites da razoabilidade, agudizou indecentemente as assimetrias sociais, fazendo aumentar de forma indecorosa o número de homens e mulheres em situação de emergência, em virtude de terem sido desapossados dos lucros da sua força de trabalho, entretanto desviados para as aventuras capitalistas dos amigos do primeiro-ministro.

3. Transmissão comunitária

Após um período de incubação, que a (quase) todos deixou perplexo, o contágio de indivíduos pela maleita sinistra, tomou conta da Assembleia da República. No dia 26 de novembro, ante a possibilidade da contaminação extravasar o hemiciclo, foi declarado o estado de transmissão comunitária da maleita socialista.

António Costa, conhecido por, em benefício próprio, arrasar tudo por onde passa, aproveitou a estabilidade que lhe foi concedida para terraplanar as condições de vida da generalidade dos portugueses! Sob a sua batuta cresceram exponencialmente as famílias sem abrigo, os salários minguados, os pobres, os indigentes sem rendimentos para aviar medicamentos, os utentes sem médico, os médicos sem tempo para as suas famílias, as barracas para alojar por tempo indeterminado trabalhadores migrantes, a precariedade, as rupturas, os alojamentos especulados, os despejos, os abusos dos arrendatários, os vistos de ouro para captar milionários, os atestados de cidadania para parceiros de negócios, os apoios sem fundo para projetos sem rumo, os ajustes diretos para favorecer o empreendedorismo dos amigos, …  

Longa e desesperante a lista dos impropérios lançados à lusa terra_planada por Costa, enquanto na estância termal, vulgo assembleia da república, imperava a cumplicidade in extremis com os devaneios do triunvirato e uma insuportável ausência de comoção!

4. Transmissão Local

Enquanto a generalidade da população, entretanto atingida, aprendia a lidar com as consequências da enfermidade socialista, nas instituições do Estado as patologias circulavam sem restrições, acelerando a transmissão dos malefícios um pouco por todo o lado!

Perante a ampliação da desgraça com que fomos brindados, ficou claro e bem esclarecido que a estabilidade governativa, a ter servido alguém, não terá certamente servido a generalidade da população, amplamente desprezada pelo Estado, que sobrevive à conta de sacrifícios e exíguos salários. Pois, ainda que, de facto, o tempo fosse de extrema emergência social a tão almejada estabilidade serviu apenas para viabilizar a conduta abusiva da governança socialista, que se apropriou do Estado e o converteu num decadente antro de negócios familiares, consagrado quase em exclusivo ao tráfico de influências e à prática de atividades ilícitas. 

São detestáveis o dolo e a depravação resultantes da promíscua atribuição de cargos de relevância governativa, em função dos laços de sangue e dos apelidos de família.

Enteados ilegítimos, primos bastardos, tios emprestados, amigos do peito, cunhados de secretários, filhos de assessores, consultores afilhados, padrinhos de circunstância, maridos, esposas madrastas sem pasta, pastas sem títulos para entregar aos padrastos. É catastrófica a rede de consanguinidade que Costa urdiu em torno das instituições da República Portuguesa, com a anuência e cumplicidade das restantes figuras de Estado.

5. Distanciamento Social 

No final de 2019, após um período de transmissão descontrolada, a maleita socialista entrou numa fase mais aguda, condicionando e limitando o acesso das pessoas aos serviços públicos de saúde. Em virtude do isolamento forçado, muitos utentes viram as suas debilidades seriamente agravadas!

Marcelo, Presidente Rebelo de Sousa, apadrinhou o florescimento desses amplos ramos familiares. Aficcionado por manobras de distração e cerimónias exclusivas, frequentou assiduamente os sumptuosos festins da governança socialista. Usufruiu de banquetes extra_ordinários, divertiu-se com os enredos, as birras e os caprichos dos bobos da corte de Costa, apreciou as cantilenas, alinhou nos esquemas e bailaricos da maioria e promulgou, sempre, a ribaldaria governativa. 

De permeio, entre uma e outra recreação, Rebelo de Sousa, dedicado promotor dos fandangos da própria família, terá recebido notícias do estrangeiro!

Alô, alô, Sr. Presidente, o Dr. seu filho voltou a empenhar o seu apelido.

Embalada numa caixa digital, ostentando insígnias de terra longe, deu à Costa de Belém a (en)comenda do descendente da coroa emigrado no Brasil.

Dizem as línguas mediáticas que a família presidencial terá, no imediato, partilhado a (en)comenda com a família governativa, celebrando o ato com um pacto, corria então o mês de outubro de 2019!

Sem olhar a meios, a governança socialista habituada a resolver com celeridade assuntos de família, ativou a rede de influências e, num ápice, encontrou forma de aviar a (en)comenda. De pronto, tudo terá começado a bulir, telefonemas, e-mails, cartas, postais de boas festas, atestados de residência, recibos, facturas, receitas, escrituras de apartamentos, cadeiras e andarilhos, resistências pontuais, pressão sobre equipas médicas, sai Francisco Ramos e entra Sales na tal secretaria de estado, conhecida pela prontidão na marcação de consultas para amigos do descendente da coroa. 

Ultrapassando tudo e todos, em meia-dúzia de contactos o desejo do Dr. filho do Presidente Marcelo viu-se concretizado!

Sem surpresa, os abusos de poder e o tráfico de influências preponderaram.

Do Ministério da Saúde à secretaria de Estado das Comunidades, passando pelo gabinete do Infarmed, todas as portas se abriram para deixarem passar o fandango presidencial. 

6. Isolamento Social 

A conduta negligente e abusiva dos traficantes de influências, que bloqueou o normal funcionamento organismos públicos e degradou as instituições de Estado, provocou danos sociais irreversíveis.  A generalidade da população foi forçada a manter as suas dores isoladas, para evitar que se espalhasse o pânico e fosse evidente o seu sofrimento. 

Efetivamente, a generalidade dos utentes que, ano após ano, se vê forçada a pernoitar ao relento para se habilitar a uma vaga para consulta, tem razões de sobra para considerar a intervenção das mais altas figuras de estado, na instrumentalização do Serviço Nacional de Saúde em prol da concretização do desejo do Dr. filho do Presidente Marcelo, um miserável insulto às suas dores e um insustentável desprezo pela equidade no acesso aos cuidados de saúde.

Infelizmente, após a momentânea comoção coletiva, insuflada pelo alarde mediático, nada de substancial sucedeu, o SNS continua a ser destruído, os utentes permanecem enredados nos seus  destroços e oligarquia dominante está de boa saúde.  As denúncias bombásticas, as entrevistas de última hora, os relatos atabalhoados dos principais envolvidos, não deixaram rastro, num ápice saíram de cena para darem lugar a outras matérias de alto rendimento mediático. Sobre a indecorosa forma como foi aviada a (en)comenda presidencial, sobram apenas memes pouco sofisticados e um rol de desorganizadas memórias virtuais, as quais rapidamente serão apagadas pelo scroll por onde escorre o tempo da generalidade da população, enquanto aguarda pela sua vez numa maca emprestada, à porta do hospital, encerrado para emergências por falta de pessoal disponível para participar no caos em que se converteram os Serviços Públicos de Saúde da República Portuguesa!

7. Quarentena 

Apesar da severidade dos sucessivos isolamentos, a que a população tem sido sujeita, a ampliação das doenças sociais não pára de crescer! A gravidade das enfermidades e das debilidades instalaram, entre os indivíduos, um fatal receio, que tem feito aumentar o descaso para com a dores sociais alheias!

A impunidade, de que gozam os protagonistas destes sucessivos atos de gestão abusiva, tem provocado danos irreversíveis à precária saúde da democracia! A falta de carácter e de integridade das figuras de Estado vai cobrindo de desonra as instituições, arrasando a sua credibilidade e derrubando as suas funções.

A ruinosa conduta, perpetrada pela oligarquia dominante, tem agudizado as assimetrias sociais, condenando à miséria a generalidade dos cidadãos, à medida que cresce a sede de poder, a ganância e o açambarcamento de dividendos para distribuir entre amigos e família!

Lamentavelmente, este deplorável Estado de Decadência encontra-se numa fase terminal. O diagnóstico, feito com detalhe e recurso a diversas opiniões, atesta tratar-se de um doença irrecuperável, com tendência a bloquear todos os organismos públicos!

Porém, e apesar de cientes das maleitas sociais, que no decurso dos últimos anos têm feito crescer, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, declinaram sempre a aplicação de tratamentos e profilaxias que pudessem reverter a deterioração do Estado!

Inebriados pela dimensão do Império, que ergueram sobre sangue e suor alheios, o Presidente e o Primeiro-Ministro terão perdido a noção e o discernimento, pelo que, lhes terá escapado a doença viral de que padecem.

Desgraçadamente, a malvadez, a incúria e a decadência moral dos traficantes de influências já não surpreendem ninguém! Sem dó nem piedade, Marta Temido, Francisco Ramos, Diogo Serras Lopes, Lacerda Sales, José Carneiro, Berta Nunes e outros tantos membros da oligarquia socialista, terão cumprido ipsis verbis o guião urdido pelos chefes das famílias de Belém e São Bento! 

Efectivamente, a cena pública portuguesa está tomada por uma insuportável decadência.

A degradação abateu-se sobre o miserável arco da governação, em virtude do saque e dos acordos tácitos, praticados pelas sinistras coligações e pelas direitas dilaceradas. 

Ao cidadão, utente dos serviços públicos, resta desmontar as patranhas e os fandangos que tomam conta das lideranças, que a seu cargo têm funções governativas, para evitar sucumbir à decadência que sustenta o descomunal Estado de Emergência em que nos encontramos!

Considerações finalíssimas: à data em que se publica esta reflexão, a decadência das figuras de Estado está ao rubro! Por suspeitas de negócios ilícitos, os governos da nação colapsaram e estão todos em modo demissionário!

Marcelo, ainda a abraços com o fandango do Dr. seu filho, já dissolveu a Assembleia do Continente, a dos Açores e está a ponderar como e quando dissolver a da Madeira! O Presidente da República, garantiu entretanto, que assim que terminar estas diligências irá refletir se adopta as gémeas, se deserda o filho, se emigra para o Brasil ou se continua a comer fortimel com o Fortunato na Casa da Presidência!

Antónia Marques

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