PROVA DE APTIDÃO POLÍTICA

A propósito do Debate com os partidos políticos sobre a Educação e a Profissão Docente!

2 fevereiro, auditório da Escola Secundária D. Dinis, Lisboa

A promoção do encontro anunciava um Debate com os partidos políticos, a propósito das suas propostas para a Educação. Porém, o evento esteve longe de configurar sequer uma morna discussão!

Na realidade, e talvez escapando à estratégia definida pela organização (ou talvez não), o desempenho, de cada um dos oradores foi, tão só, uma medíocre apresentação de provas, que apenas serviu para comprovar a ausência de ideário e da aptidão política, de cada um dos partidos representados, para a área da Educação! 

No decurso das intervenções, perante tanta e tão despudorada displicência, ocorreu-me o tanto que estes agentes políticos teriam a aprender com o entusiasmo daqueles alunos, cujos olhos brilham, quando se dedicam à realização de uma Prova de Aptidão para a Vida a sério!

De facto, os mandatários dos partidos políticos, presentes no “debate”, chumbaram, sem distinção, na apresentação das suas PAP’s. 

Com um semblante obscurecido, carregando às costas o fardo de cada um dos aparelhos partidários, os oradores revelaram carências diversas, nomeadamente, insuficiente preparação e contextualização do trabalho, desleixo no cumprimento de prazos e entrega de documentos, fraca pesquisa, limitada seleção de fontes, irrelevante seleção de temas, insatisfatória mobilização de conhecimentos, ausência de metodologia, falta de clareza na definição de objetivos e incapacidade para sugerir soluções para problemas concretos!

Porém, sem surpresa, aos tribunos, cujas intervenções se limitaram à declamação de um paupérrimo resumo das matérias dadas, falhou sobretudo a humildade e a disponibilidade para confessarem as debilidades e a falta de interesse pelas dores, dramas e horrores que se vivem no seio da Educação!

Apesar de pobre em desempenho e parco em conteúdos, para os mais atentos, o evento foi de facto esclarecedor! Senão vejamos:

  1. Sentados à mesa, estiveram sete partidos e um agente mediador. Cordiais, cerimoniosos, entre si trocaram sorrisos, obséquios, apertos de mão (mais ou menos efusivos) e, num registo de estranha sintonia, declamaram os seus jargões!
  2. Ao centro do extenso paramento, onde se perfilaram os convidados, a mesa concedeu a Porfírio, deputado da maioria demissionária, a honra de abrir e fechar os trabalhos!
  3. Entre e uma e outra alocução do deputado socialista, desfilaram, sem sobressalto, as restantes intervenções! Foi evidente a falta de comoção, que desanima os partidos, quando em causa está dissertar sobre como resolver os problemas e amparar os sonhos do sector da Educação!
  4. Indisfarçável foi também o simplório acordo tácito que a todos une! Não, não se trata de em pacto para salvar a Educação. Não, de facto, o tratado terá sido formulado para salvar as vozes de comando e as ambições da oligarquia partidária dominante, que há muito ditam o teor e os termos da degradação do Regime democrático!
  5. incúria foi a tónica que dominou a métrica da generalidade das intervenções partidárias! Talvez pela incerteza e embaraço, provocados pela inusitada antecipação de três processos eleitorais, os oradores evitaram discorrer sobre compromissos e ideários políticos.
  6. Sem surpresa, de facto, o que foi dado a ver, leva a crer que a gestão de eleitorados se afigura incompatível com a afirmação de convicções partidárias! Ainda que respeite a opção estratégica, não posso deixar de lamentar que, aos partidos representados, escape a coragem, a convicção e o espírito combativo para desencadearem o princípio do fim da degradação institucional, que a todos consome!
  7. Na fase terminal do certame, foi aberto um corredor estreito, por onde passaram as emergências do público. Em modo, diz_correndo, foram lançadas ao painel uma série de questões que se dissolveram no ar! Vicissitudes intrínsecas ao lamentável exercício da Liberdade de Expressão, num regime democrático degradado – a todos é dada a oportunidade de falar mas, sem qualquer garantia de que venha a ser escutado.
  8. Fora do evento, certamente por razões diversas, ficaram dois temas de peso: a Abstenção e o partido Chega. Sob pena de continuarmos a assistir ao crescimento, desses fenómenos, sem contraditório, impõe-se refletir se apostar num inconsequente estado de negação, será a forma mais eficaz de dirimir os problemas e as debilidades que afectam o Regime Democrático! Ora, se nem as avestruzes, perante situações estranhas, enfiam a cabeça na areia, não o façam os professores – a quem cumpre o exercício de ser Luz em tempo de Trevas

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