Tristes dias os que se contam desde então, atarantados entre o êxtase e o deslumbramento, com fé e muita crendice nas promessas do Ministro, foi vê-los correr a decifrar siglas e notas informativas, a apelar aos santos da casa e aos diabos de outros agrupamentos, a trocar correspondência eletrónica com estranhos para indagar como aceder aos registos biográficos, a mergulhar de cabeça nos teclados, a desprezar férias de verão e tempo de descanso em família, a organizar clubes de leitura e interpretação de FAQ’s e legislação avulsa!
A azáfama foi tal que, a quase todos, escapou o discernimento para entender o essencial – a recuperação do tempo de serviço, nos termos fixados pelo ministro ( e que a maioria não leu ), à mesa de uma lamentável e parcial concertação social, configurava, acima de tudo, mais um cruel e derradeiro ataque aos prejuízos acumulados pela Classe ao longo de décadas.
Read MoreÉ estranho que milhares de professores ordinários percorram o país de lés-a-lés há anos, com a solidão na mala e os bolsos carentes de ajudas de custo, enquanto outros gozam de uma mobilidade estatutária, desenhada em função de necessidades opacas, que lhes coloca o emprego à porta de casa!
Sim, é muito estranho que a opacidade e ineficiência da Mobilidade Estatutária, concedida a professores especiais, sejam toleradas pela tutela, enquanto a Mobilidade por Doença, alegadamente para evitar a fraude, se vê embrulhada em procedimentos absurdos, impedindo que os professores ordinários acedam aos seus direitos!
Esta reflexão incorformada decorre da necessidade de colocar em perspetiva alguns enredos, a propósito do lançamento de uma polémica obra compósita, da autoria de Manuel Brito-Semedo. Pode o Tempo ter muitas Esquinas mas, por mais obtusos que sejam os ângulos, jamais se poderá adulterar a (geo)grafia do que tem dentro! Esta observação (geo)métrica decorre da […]
Read MoreApós os acertos gramaticais, o Sr. Presidente promulgou mais uma [re]solução [im]perfeita para acabar de vez com os problemas da carreira, decretando oficialmente a extinção dos professores com a abertura da Escola à contratação de (A)gentes Tapa-Buracos!
Read MoreA ausência de habitação, para alojar professores em deslocação, só será solucionado se e quando se converter num negócio interessante para um Boy ou Girl próximo da família partidária. Até lá continuaremos a padecer as consequências de uma governação fã(nática) dos Golden Visas, parceira das especulações imobiliárias miseráveis e mediadora de fundos abutres de investimento imobiliário.
Read MoreO miserável estado de inoperância, em que se encontra o serviço público de ensino, é a expressão mais perversa da abusiva operação em curso!
A educação deliberadamente obstruída, tem vindo a ser substituída por um deplorável sistema de instrução, engendrado nas catacumbas elitizadas, para ser mastigado, pelo povo, até à exaustão!
O abusivo desempenho das elites privilegiadas, que retiram da política e da administração pública o sustento das suas famílias, em nada tem dignificado os desígnios da representatividade democrática. Bem pelo contrário, pois, através da instrumentalização de uma série de expedientes manhosos, essas elites decadentes encontram no descarado tráfico de influências e no nepotismo primário, formas […]
Read MoreFace a este lamentável Estado, resta saber se a academia subserviente de Lurdes Rodrigues e a inimputabilidade autoritária de Santos Silva serão suficientes para ocultar as provas da selvajaria?
Read More48 anos depois de, num abril esperança, nos ter sido confiada a responsabilidade de fazermos crescer uma democracia robusta, sobre um solo impregnado de despojos de ditadura, eis-nos chegados ao XXIII Governo Constitucional, eleito por uma confrangedora minoria – 2.302.601, cerca de 21 % do total de Votantes Inscritos.
Read MoreComo cidadã, nascida no ano da revolução, observo com pesar a indecência e a falta de honestidade intelectual das elites parasitas que se arrastam, como prestadores de serviço com direito a motorista, em torno das celebrações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril! As nomeações, as atribulações, as datas, as condecorações, as indecorosas apropriações, […]
Read More“Os povos originários ainda estão presentes neste mundo, não porque foram excluídos, mas porque escaparam. É interessante recordar como, em várias regiões do planeta, resistiram com todas as suas forças e coragem para não serem completamente engolidos por este mundo utilitário. (…) Escapar dessa captura e experimentar uma existência que não se rendeu ao sentido […]
Read MoreExtraio, do miolo dos livros, a substância-prima para alimentar o propósito da fuga e salvar a razão. Leio, Passadores de Pau, livro de António Fermino de Pina (2009)que dedicou a obra: “À memória de Amílcar Cabral, o maior doutrinador e líder africano do nosso tempo, que a ambição e estupidez de alguns companheiros conluiados com […]
Read MoreO dragoeiro: Tal como Homem, de uma semente são necessárias várias gerações para ser árvore. Espécie rara. Fóssil vivo, teimosamente resistente desde a noite dos tempos. De um tronco esguio, crespo e agreste rebentam no topo braços e folhas-lanças espetadas para o céu. O dragoeiro e o Homem cabo-verdiano, uma teimosia, dois caprichos da Natureza. […]
Read More5 anos (re)volvidos reiteram-se os motivosque fazem empalidecer a República. a má-ventura continuacom rebelo mas sem rebeldia,a galvanizar a extrema ignorância em Portugal. Sr. Lucindo,lamentavelmente as provas da sua e de outras vidas permanecem soterradas em chão nacional. #racismo#xenofobia#memoria#caboverde#imigracao
Read Moreda humanidade que (ainda) mora aqui É vital amparar as ansiedades É vital desembaraçar as emoções É vital preservar a sensibilidade É vital resgatar o sonho É vital compreender as circunstâncias É vital ler e transformar o mundo É vital renovar os Lugares de Fala É vital enfrentar com lucidez os desafios É vital preservar […]
Read Moredas burlescas ações de campanha eleitoralaquém e além-mar o desempenho de graça fonseca, e seus parceiros de palco,foi medíocre (como sempre)o público, silenciosamente derrotado,aplaudiu mecanicamente,há muito não vê um genuíno espectáculo! sobre o acordo – o da cooperação assinada a várias mãos,não se conhece a dimensãonão se desvendou o mistério da (sua) criaçãonão se divulgaram critérios […]
Read MoreGiovani nunca mais escreverá a seus pais! [singela homenagem ao jovem que deixou em Cabo Verde o Fogo e encontrou em Portugal o Inferno] “Os pais prepararam o menino para embarcar com antecedência, nos fins de setembro. Tinha que fazer matrícula, pagar propinas e alugar quarto onde pudesse estudar à noite sem restrição de luz. Na […]
Read MorePlanos Matryoshka! [o chapéu de Graça Fonseca] [intro] São inúmeros os surtos psicóticos, de papelada estéril, deliberadamente concebidos pela tutela para aniquilarem as reais funções da escola. Os planos de salvação nacional, onde se incluem o da leitura, do cinema, da educação estética e artística, das bibliotecas escolares e, mais recentemente, das artes, são a […]
Read Moreé de génio e fibra essa gente do Fogo, que teima viver no colo do vulcão. será loucura ou amor puro, prezar viver na caldeira onde ferve a próxima eclosão? não é anarquia, é estado esse lugar derramado em permanente re-bulição chão culto e elevado, sobrevivente, parente próximo das nuvens, riscado pela agreste lava recém-vertida, […]
Read Moreas paredes são folhas notadas de cadernos insubmissos [da ilha que tem mindelo no centro] aglomerados escritos à mão, composições aleatórias em expansão sobre superfícies elevadas [da ilha que não tem casa para todos] permane.ser fincar os pés no lugar aí ficar, para escutar a terra flutuar [da ilha das estórias] alva indisciplina, […]
Read MoreFala escrita em cima da Fraga [parte primeira] Gosto de tatear o mundo, de-vagar, com a palma das mãos e com a planta dos pés, encontro nesta minha predileção, desde sempre assumida com apaixonada veemência, forma de colher um imenso património sensorial – energia vital, que atribui plasticidade às recordações e textura às memórias. Acomodo […]
Read MoreEsta é a tua morada Mas não te encontro Onde te escondes ABRIL? Em que lugar Te perdeste? Em que sórdidos enredos Te deixaste entorpecer? Parte de mim vacila ante o trágico homicídio dos teus projetos de democracia, mas não hesito, continuo a viagem, sigo com tenacidade e coragem, não há obstáculos que me façam […]
Read MoreParte I A cidade do Porto, à semelhança do que sucede noutras urbes do dito mundo globalizado, encontra-se sitiada, sob o jugo de um maquiavélico plano de ocupação, que visa a sua total rendição aos caprichos do poder capital. Esse processo de liquidação, meticulosamente traçado, por entidades públicas e privadas, tem alcançado sem oposição […]
Read MoreImpermanências Geográficas No final dos anos oitenta e início dos anos noventa, os acontecimentos políticos conduziram a uma desintegração da ordem mundial (…) A ordem anteriormente vigente está a ser substituída por tendências de globalização, com efeitos em todo o mundo, causando o surgimento de novas cartografias mentais e assim exigindo sistemas de coordenadas radicalmente […]
Read MorePrivatizaram as estantes de sol na Cidade Alta privatizaram o mar, o céu e as estrelas e o povo angolano entrou na escuridão mercadológica a morder os frutos da zunga e a fugir porrada da polícia com uma mão na frente e outra atrás do sonho que privatizaram. (“Privatizaram os Monumentos”, José Luís Mendonça) Fala […]
Read Moreilha, ínsula, ipuã Projeto artístico que andou de lugar em lugar e se estendeu em terra plana, árida, talhada pela quentura do sol. Cruzando lugares, combinando geografias, apreciando o sol e o calor ardente que animou e fez bulir, devagarinho, os pés! Navegando entre grafias e tratados, sob sol tórrido em chão escaldante, fez-se o […]
Read MoreNa mala de pano estrangeiro, as ferramentas e os materiais Tenho comigo os lápis, trouxe o azul esmeralda, o verde água, os ocres, os amarelos e também os vermelhos. Tenho a caneta preta fina, o pincel largo, os lápis 4,5 e 6 B, a borracha e os marcadores de feltro. Tenho comigo os papéis mais […]
Read MorePara uma reflexão sobre a Escola Artística Soares dos Reis [parte I] A longa história, de 132 anos da Escola Artística Soares dos Reis (EASR), confere-lhe um estatuto muito particular, pelo que seria de esperar que tivesse hoje um papel crucial na reflexão e orientação da Educação Artística, tutelada pelo Ministério da Educação, contribuindo de […]
Read MoreHistórias de Vida – Exposição de Fotografia O projeto de fotografia a “Histórias de vida” teve como motivação fundamental envolver os jovens alunos na compreensão, através da experimentação, dos processos inerentes à criação artística, desde que surge a vontade íntima e individual de criar até à apresentação pública do trabalho produzido. A evolução tecnológica tem permitido […]
Read Morea prática artística acontece, não necessita de autorização ou carta de alforria. danados projetos, como é valente a curadoria do povo, como é ilustre o patrocínio da sua entrega desprendida. inesquecível o conforto do abrigo, abraço quente e genuíno, arrojada a coragem da instituição dos que ousam dar a mão. ato supremo de liberdade! arte […]
Read MoreProva de vida 25 de janeiro de 2016, 10h11 dia seguinte à eleição de Marcelo para Presidente da República embaixada portuguesa em Cabo Verde, sala de espera achada de santo antónio cidade da Praia Santiago De novo na Embaixada, ontem vim cá para votar, hoje venho para certificar papéis e contratos. Encontro uma quantidade considerável […]
Read MoreQue ou a pessoa que não tem com que pagar o que deve. Vidas insolventes derramadas nos “classificados” do jornal, tragédias individuais meticulosamente talhadas, simples detalhes de uma ambiciosa agenda de transformação social, é a crise senhores, é a crise! Estas “vidas” de onde se eclipsou o poder financeiro para pagarem o que devem, são […]
Read Moreeconomia bidon cabe tudo dentro de um bidon amarfanhando, enrolando, amachucando, ajeitando até atingir o vácuo amontoam-se vestígios de identidades várias prontos a usar para remendar outros cenários no bidon cabem os despojos de vidas que se expõem na soleira dos mercados sangue azul, doses vitais alimentam sucessivas fragilidades materiais etiquetas agarradas a peças jamais […]
Read Moreum dia, acredita essa espécie de gente empedernida que sim, certamente um dia um dia tudo será diferente, um dia, será dia de cumprir as promessas um dia as vinganças prometidas tomarão o seu lugar entretanto, um, dois, três e muitos outros dias se fazem instalar fica longe, demasiado longe para voltar lá, onde essa […]
Read Morede novo num lugar de passagem, estação efémera, entre caminhos desenho outras viagens. contemplo a população local, rapidamente confirmo, são efetivamente resultado de uma seleção natural, nos lugares assim, outrora dedicados à coisa pública, foram-se operando transformações horrendas, a obra criada pelas mãos de muitos, para ser e servir a todos, foi sendo tomada, adulterada, moldada […]
Read More“O Território do medo, Cidade Velha (ilha de Santiago) foi um dos espaços de passagem das oficinas de mapeamento coletivo, primeira cidade construída pelos europeus nos trópicos e primeira capital do arquipélago de Cabo Verde. Um lugar repleto de vestígios de uma pesada herança, onde o medo se faz presente e paira sobre as perspetivas […]
Read MoreLugar comum. Gente comum. Senso além do comum. Existe conforto nos lugares de sempre, nos rostos frequentes, nos dias que se sucedem iguais, no fluir do tempo sem novidade. Pela manutenção dos dias comuns há que agarrar forte, com as duas mãos, as regularidades do quotidiano, fincar os pés em terra usada, negar sempre o prazer […]
Read More“Através do isolamento do sujeito do rendimento, explorador de si próprio, não se forma qualquer nós político com capacidade de ação comum (…) Aquele que fracassa na sociedade neoliberal do rendimento responsabiliza-se a si próprio e envergonha-se, em vez de por em questão a sociedade ou o sistema.” “No regime neoliberal de auto-exploração, cada um […]
Read Moreousadia. franqueza. licença. desassombro. demasiada familiaridade. Durante um tempo, quase eterno, acumularam-se layers de medos diversos Medo do vizinho, medo do amigo, medo do moço da esquina, medo do barbeiro, medo da senhora do peixe, medo do professor, medo do doutor, medo imenso dos ativos servos do senhor que ditava os destinos. Medos mesquinhos alimentaram […]
Read Moreencontros, achados, deslumbrados, lugares apressados, habitados até às raízes exuberantes, lotados de vida, consumida por ausências intermináveis, saudades indeléveis, firmam a inscrição, definem o gesto, uma, outra, qualquer privação se ocupará do resto. nos rostos a emotividade contida,no corpo a sensibilidade adiada, estou aqui, não me vês? células individuais cerradas evitam, atrasam a eclosão, inibem […]
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