na terra dos consensos autoritários,
eis que surge engalanado o fascismo social
é o anti-depressivo, dizem os submetidos,
o culpado desta trágica redenção!
eh, pá não me incomodes,
não me perguntes nada
deixa-me ser absurdo
só quero curtir o meu alprazolam
rejeito entrar na complexidade,
odeio o mundo das liberdades!
lê-se, no rosto apático,
de todos aqueles que no silêncio
trágico da sua pobre existência,
clamam por submissão!
O espaço coletivo de participação cívica, dimensão fundamental do sistema democrático, está fragmentado, fragilizado repleto de armadilhas, lamentavelmente as vítimas deste processo convertem-se, através do silêncio e da indiferença, nos seus principais cúmplices.
O silêncio dos cúmplices é um dos resultados da manipulação das consciências, impostas pelos discursos únicos repletos de consensos autoritários, que tendem a disciplinar o pensamento.
A manutenção de um discurso limitado, manipulado pelos poderes (ou poderzinhos) instituídos, conduz a uma generalizada asfixia da produção livre de conhecimento e de pensamento crítico, gerando um clima de consensos autoritários, verdadeiramente sufocantes e anestesiantes.
Os consensos autoritários, de circulação e veiculação facilitada, promovem a resignação e sequestram a disponibilidade para o dissenso, fomentando a sensação de que nada mais há pra discutir, para além dos temas propostos pelas agendas obscuras das novas formas de acumulação de poder e de capital.
Na terra do consenso não existem várias soluções para um problema, existe a “solução mais razoável que é na verdade a única possível, a única autorizada pelo dados da situação, tais como os conhecem os Estados e seus especialistas.” (Ranciére, 2006, p.379)