
É a idade do povo que nasceu no ano da liberdade,
É a minha idade!
Ser Povo é ser mais alto do que o poeta
Ser Povo é ser capaz de manuscrever, com cuidada caligrafia, uma genial cantiga de revolução!
Ser povo
é ter condição anónima tatuada, à força, no rosto
é ter as mãos amarradas a labutas esquizofrénicas, que rendem salários indigentes
é ter capacidade de contrariar todas as previsões e derrubar as mais desgraçadas expectativas
é ter ímpeto bastante para emergir do profundo e extenso buraco onde, outrora, alguém decidiu que enterraríamos a vida!
é ter razão e génio capazes de transformar obstáculos e dissabores em gomas e rebuçados docinhos
é ter coragem de encetar, apesar dos empecilhos, qualquer rota ou caminho.
Ser povo é ter condição genuína, é privilégio de poucos, ainda que digam que somos uma multidão!
Ser povo é uma questão de berço, é ter a fortuna de haver nascido no seio de uma real família pé no chão.
Ser povo é ter herdado de pai e mãe o mais valioso legado – a liberdade, erguida em cima de uma penosa revolução!
Pai e Mãe imensamente grata por terem cuidado de semear no nosso jardim as flores da revolução e da liberdade!
Encontro na firmeza destemida que alenta o meu discurso e conduz a minha ação a forma de honrar o vosso precioso legado, obrigada!
[fotografia de família, pai, mãe, irmã e irmãos, em casa, antes da revolução]