elefantes de pau

Extraio, do miolo dos livros, a substância-prima para alimentar o propósito da fuga e salvar a razão.

Leio,
Passadores de Pau, livro de António Fermino de Pina (2009)
que dedicou a obra:

“À memória de Amílcar Cabral, o maior doutrinador e líder africano do nosso tempo, que a ambição e estupidez de alguns companheiros conluiados com inimigos impediram que pudesse usufruir do gozo da concretização dos seus ideais de libertação e dignificação do seu povo, impedindo-o também de poder continuar a contribuir para o alcance dos objectivos sonhados para o pós-independência, privando a África de um dos seus maiores génios políticos.”

capas e contra-capas, procuro vestígios de Humanidade 
escuto murmúrios em manifestos abandonados
(na imagem o livro Passadores de Pau, de Arsénio Fermino de Pina, 2009)

Leio, na lucidez da prosa a honestidade do verbo que me orienta o traço e registo, como quem faz um esboço exploratório com sangue-de-dragão! 

elefantes-brancos armazenados à beira-do-mar
d’après Passadores de Pau, de Arsénio Pina
do caderno de observações transatlânticas

“Ao cabo de algum tempo – azar ou resultado da ingenuidade da nossa parte? – demo-nos conta de que tais investidores eram autênticos passadores de pau, o mesmo é dizer, vigaristas internacionais calejados (e conhecidos lá fora), dado que quando se avizinhava o terminus do prazo de isenção de impostos e de taxas aduaneiras declararam falência e partiram (…) deixando centenas de trabalhadores no desemprego, sem nenhuma indemnização, e ainda dívidas de meses a funcionários, a bancos, empresas locais e até à nossa companhia aérea. Ficaram somente os chamados “elefantes brancos” a título de compensação aos bancos locais. Uma das empresas teve o descaramento de laborar, a título experimental, durante pouco tempo, zarpando logo a seguir, depois de ter devorado financiamento a fundos perdidos da União Europeia e empréstimos de bancos nacionais! Até daria vontade de dizer bem feito!, se o sucedido não tivesse sido trágico para os trabalhadores.
Mindelo, março de 2007″

Arsénio Fermino de Pina
Passadores de Pau, 2009

art work
Antónia Marques
do caderno de observações transatlânticas

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