
está a tocar para dentro,
vamos lá meninos
organizem-se,
temos uma aula para iniciar!
sumário:
análise do processo de beatificação do Ministro Fernando Alexandre.
No assombrado reino da Educação
surgiu em tempos um mago samaritano
que amansou a rebeldia do professorado
com um feitiço danado!
designado pela cúria minhota,
para resolver o embaraço social, provocado pela rebelião docente,
o ser alado, aceitou a missão e avançou sobre a multidão enfurecida
com uma panóplia de encantamentos e promessas infalíveis!
conhecedor do ponto fraco dos beligerantes,
o ser místico terá feito pontaria aos umbigos
E zás, abracadabra!
ao vigésimo primeiro dia do quinto mês do calendário gregoriano
a revolta amainou e a concórdia retornou à escola pública!
E perguntam vocês:
mas afinal… que mezinha milagreira utilizou o mago?
o tempo, meninos, o tempo
esse artifício enganador,
voltou a ser usado para humilhar a classe
e extinguir, de vez, quaisquer lampejos de solidariedade, hombridade e resistência!
De facto, a Fernando, o samaritano
bastou acenar com a promessa da devolução do tempo às fatias,
para ser elevado à categoria de messias!
Assim que a coisa foi prometida, a crendice na boa-fé do mago,
toldou a visão individual e suspendeu a ação do coletivo!
A euforia e o frenesim, que se instalaram nos umbigos do pessoal docente, foi tal,
que o professorado, encantado, regressou voluntária e estrategicamente à reclusão,
mandando às urtigas o seu ofício
e para a fogueira as greves, as reivindicações, os protestos e as viagens à capital,
para se dedicar em exclusivo à adoração das plataformas e à peregrinação digital ao IGEFE!
Meses após o lançamento do feitiço,
Fernando, o mago adorado,
resolveu incrementar o enguiço para evitar a quebra
do marasmo docente que a magia havia gerado,
vai daí, lançou-se à escrita de loas e cantigas de amigo
para embalar os professores!
Com o correio electrónico repleto de paixão
e o registo individual a transbordar de amor de perdição
os docentes inebriados ergueram as mãos ao céu e clamaram – obrigado Fernando!
stora, stora
posso fazer uma pergunta?
sim, diz lá
agora que passou um ano,
desde que o mago lançou o feitiço,
os professores continuam a acreditar nas loas do amigo?
ou já levantaram a cabeça do umbigo?
Antónia Marques,
docente que resiste a loas e cantigas de falsos amigos